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Encantado,
… mítico, misterioso, entre o animal e o humano… mágico.
Ela era uma cunhantãDo Tupi Guarani cunhã-antã=mulher resistente. Menina, garota. que vivia num desses grandes lagos do interior da Amazônia. De família ribeirinha, morava numa palafita que, na época da cheia, ficava cercada de água e dava para chegar até a porta de canoaA canoa é um barco de pequeno porte, estreito e leve, e ousadamente próximo da linha d’água. Com ambas extremidades afiadas é manobrada por um remo de madeira, porém em falta do remo o ribeirinho utiliza qualquer pedaço de madeira ou até um galho. É considerado o meio de transporte mais utilizado por ribeirinhos e indígenas nos rios da Amazônia.. Às vezes, nas grandes cheias, a água invadia a casa e precisava-se fazer a marombaQuando há uma cheia excepcional a água sobe até o assoalho da palafita e o supera… então o ribeirinho constrói uma maromba, ou seja um assoalho mais alto que lhe permite guardar no seco seus utensílios e até a sua cama. Também, maromba é uma plataforma alta feita de tábuas ou troncos de árvores onde o gado é abrigado durante grandes inundações. Do mesmo serve de refúgio para plantas, animais domésticos e ferramentas dos ribeirinhos.. A menina estava chegando à idade de casar, e já havia jovens do povoado que lançavam olhares compartilhados.
Chegou a festa de São João e o barracãoEm um primeiro tempo, o barracão era o deposito de mercadorias que o dono do seringal trocava com a borracha coletada pelos seringueiros. Mais tarde o barracão veio a ser o salão onde os moradores da vila se reuniam para celebrar durante as festividades. foi decorado. À noite todos estavam ali nos festejos, inclusive a cunhã da nossa história. Seria essa a oportunidade para encontrar o homem de sua vida?
De repente, seu olhar foi atraído por um belo jovem, robusto, elegante, vestido de branco, com chapéu, branco também. Não só o seu olhar foi imediatamente retribuído, como também o rapaz se dirigiu resoluto até ela e a convidou para dançar. Ela nem cogitou a possibilidade de resistir ao fascinante convite e assim, dançaram a noite toda, até que o galante a convidou para sair. Eles nadaram, foram até as profundezas juntos e aquilo ainda parecia uma dança, a qual a jovem se abandonou sem resistência alguma e nem questionou como poderia mergulhar tão fundo sem necessidade de respirar. Quando a primeira luz do amanhecer rompeu a noite encantada, o rapaz se transformou num boto e mergulhou para o fundo do lago.
Nunca mais ela o viu e por dias e dias ficou na beira esperando nostálgica, até que sua barriga cresceu e soube que teria uma criança, fruto daquele amor encantado.
Assim nasceu mais um «filho do boto», ele teria em seu registro de nascimento o nome da mãe e na linha do pai seria escrito «filho do boto».
Essa é a lenda do boto que pode ser escutada em qualquer canto da Amazônia, com pequenas variações, porém sempre evidenciando o poder sedutor do animal.
Há versões em que a bota é uma linda mulher que seduz os rapazes; a lenda se perde na noite dos tempos, atribuído-se sua origem aos povos indígenas, bem antes da invasão portuguesa.
Os tempos também mudaram muito e a «conquista do paraíso» também não deixou de trazer os hábitos perversos dos colonizadores. Não é raro descobrir que escondido atrás da lenda do boto, às vezes, pode ter um familiar ou um vizinho que abusou da garota.
A20_4222 – Leonide Principe
Equipment: NIKON D2X with lens 70.0-200.0 mm f/2.8 set at 200 mm – Exposition: ISO: 100 – Aperture: 4.2 – Shutter: 1/500 – Program: Normal – Exp. Comp.: 0.0,
Original digital capture of a real life scene –
Original file size: 4312px x 2868px
Location: lago do Bim (Iranduba – Amazonas Brazil)
Date: June 28, 2006 – Time: 11:03:06 AM
Collection: Amazon River Dolphin – Persons shown: none
Keywords:
Ariau parana, paranáParaná – (do Tupi para’ ná, semelhante ao mar). O braço de um rio que alimenta a água de volta para o mesmo rio a jusante ou para outro rio. Os Paranás ocorrem com frequência na Bacia Amazônica e muitos deles são densamente povoados. do Ariaú, Iranduba, Amazonas, Amazônia, Amazon, Amazonian, Brazil, Brasil, Brazilian, América do Sul, South America, boto-vermelhoBoto-vermelho – (Inia geoffrensis). Cetáceos que vivem em rios e lagos da Amazônia. Seu comportamento é semelhante ao dos golfinhos. Uma das lendas mais comuns que se referem ao animal é que ele se transforma em um jovem bem vestido e bonito que vai a festas ao longo do rio, onde seduz as meninas. Antes do amanhecer, ele foge e volta ao rio ou lago onde se transforma novamente em boto. Em sua expedição, Jacques Cousteau deu-lhe a denominação “rosa”. Na tradição amazônica, porém, é conhecido como boto “vermelho”. Costuma vaguear sozinho ou aos pares e aproxima-se frequentemente do homem, mesmo quando pesca. O outro golfinho da Amazônia é o boto-tucuxi (Sotalia fluviatilis), tem o dorso mais escuro, é menor e mais tímido., Amazon river dolphin, boto cor-de-rosa, encantado, enchanted, Inia geoffrensis, pink dolphin, tonina, mamíferos aquáticos, aquatic mammals, mamíferos, mammals, FAUNA, animals, boutu, bufeo
EN1 The boto’s son A20_4222
PT1 Filho do botoA interpretação acadêmica de filho do boto é que quando uma mulher não casada ou até casada engravida fora do casamento então o boto é responsabilizado e ela registrará seu filho como ‘filho do boto’. Os especialistas do alto de suas cátedras encontraram a solução. Porém, ao meu ver, a situação é muito mais complexa. Pode acontecer que a paternidade seja atribuída ao boto para liberar o verdadeiro responsável. Esta é uma lenda de origem indígena e é contada por toda a Amazônia. A lenda carrega dentro de si o mundo encantado dos feitiços e a magia daquilo que é invisível aos olhos limitados da cultura urbana. Há muito mais na natureza do que o atual homem civilizado pode enxergar. Por isso seria no mínimo prudente não se aventurar em afirmações sabidas e julgamentos apressados. A20_4222
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Caçador da floresta
A coluna vertebral do boto-vermelho (Inia geoffrensis) é muito mais flexível que a coluna dos outros componentes da mesma família. Quando o crescimento sazonal das água invade as florestas da beira, o peixe se refugia nesse ambiente, onde além de mais proteção encontra o alimento farto de sementes e frutos que caem das árvores. É nesse mesmo ambiente que o boto nada a vontade e caça com facilidade suas presas. Essa habilidade de nadar entre as árvores é devida à flexibilidade de sua coluna vertebral. Por isso, é muito raro observar um boto pulando fora da água assim como os golfinhos fazem. Quando o boto sobe à superfície para respirar, apenas o orifício da respiração emerge, de modo que apenas quando a água está calma e sem ação do vento que é possível notar a presença do boto.
A20_4134 – Leonide Principe
Equipment: NIKON D2X with lens 70.0-200.0 mm f/2.8 set at 70 mm – Exposition: ISO: 100 – Aperture: 6.7 – Shutter: 1/180 – Program: Normal – Exp. Comp.: 0.0,
Original digital capture of a real life scene –
Original file size: 4312px x 2868px
Location: lago do Bim (Iranduba – Amazonas Brazil)
Date: June 28, 2006 – Time: 10:46:21 AM
Collection: Amazon River Dolphin – Persons shown: none
Keywords:
Ariau parana, paraná do Ariaú, Iranduba, Amazonas, Amazônia, Amazon, Amazonian, Brazil, Brasil, Brazilian, América do Sul, South America, boto-vermelho, Amazon river dolphin, boto cor-de-rosa, encantado, enchanted, Inia geoffrensis, pink dolphin, tonina, mamíferos aquáticos, aquatic mammals, mamíferos, mammals, FAUNA, animals, boutu, bufeo
EN2 Forest hunter A20_4134
PT2 Caçador da floresta A20_4134
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Entrando na floresta
Boto-vermelho (Inia geoffrensis)
O igapóIgapó vem do tupi ia’pó. Faixa de mata com vegetação própria, por onde as águas normalmente penetram na época das cheias. Muitas variedades de peixes dependem dos igapós para desovar, proteger e alimentar seus filhotes. Em geral, a vida aquática da bacia amazônica é muito dependente dos igapós por causa das frutas, insetos e pequenos animais que eles contêm. Portanto, para manter o equilíbrio ecológico, é fundamental que a vegetação das áreas alagadas seja preservada. é a floresta inundada e entrar na floresta é uma especialidade do boto-vermelho. Na foto, no rio Tapajós, um rio de «águas claras», completamente transparentes, o boto-vermelho mostra sua excepcional flexibilidade.
Porém, não importa a visibilidade dentro da água, pode ser qualquer tipo de água, até aquela que não tem visibilidade nenhuma, o boto emite um som que cobre a sua frente e retorna, o que está mais perto retorna mais cedo, assim que em uma minuta fração de segundo, o cetáceo forma uma imagem mental do ambiente, identificando a posição e a distância de árvores e principalmente o movimento de peixes, que são o alvo principal da sua alimentação.
P04_095 – Leonide Principe
Camera Nikon F5 with Nikkor lens 70-200mm f2.8 – Diapositive Film Fujichrome Velvia 50 – Scanner: Nikon SUPER COOLSCAN 5000 ED
Digitised from a positive on film –
Original file size: 5362px x 3565px
Location Taken: Praia Maria José (Santarém – Pará Brazil)
Date Taken: 1995
Collection: Amazon River Dolphin – Persons shown: none
Keywords:
boto-vermelho, Amazon river dolphin, boto cor-de-rosa, encantado, enchanted, Inia geoffrensis, pink dolphin, tonina, mamíferos aquáticos, aquatic mammals, mamíferos, mammals, FAUNA, animals, boutu, bufeo, Praia Maria José, Santarém, Pará, Para, Amazônia, Amazon, Amazonian, Brazil, Brasil, Brazilian, América do Sul, South America
EN3 Inside the forest P04_095
PT3 Entrando na floresta P04_095
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Versão 1.2 – Texto revisado
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