Eternamente fiéis

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Eternamente fiéis
Arara-vermelha-grande (Ara chloropterus)
Eternamente fiéis, as araras escolhem um único companheiro para sua vida inteira. Sendo morador de uma área de floresta primária, fiquei observando diariamente o mesmo casal de araras passando sobre minha casa e, as vezes, fazendo ninho nas proximidades. É assim que ganhei a constante confirmação da personalidade e fidelidade dessas belas e exóticas aves. 
A maioria dos animais segue um comportamento sazonal de acasalamento, onde o casal se aproxima somente durante a época de reprodução e, depois do nascimento das crias, o romance acaba e cada qual segue seu caminho. 
As araras são diferentes. Elas permanecem juntas, ano após ano, cria após cria. Diz a lenda que se um parceiro perder o outro, por alguma misteriosa razão, o sobrevivente voa para o alto, até que de repente fecha suas asas e se deixa cair ao solo, como um sacrifício à sua metade perdida. As araras são um exemplo verdadeiro de amor eterno.

P01_001 – Leonide Principe
Camera Nikon F5 with Nikkor lens 80-200mm f2.8 – Diapositive Film Fujichrome Velvia 50 – Scanner: Nikon SUPER COOLSCAN 5000 ED
Digitised from a positive on film
Original file size: 5348px x 3585px
Location Taken: Paraná do Ariaú (Iranduba – Amazonas Brazil)
Aproximate Date Taken: 1991
Collection: Birds – Persons shown: none
Keywords:
arara-vermelha-grande, Ara chloropterus, Green-winged macaw, Red-and-green macaw, araras, macaws, Psittasidae, aves, birds, FAUNA, animals, paraná do Ariaú, Ariau parana, Iranduba, Amazonas, Amazônia, Amazon, Amazonian, Brazil, Brasil, Brazilian, América do Sul, South America, beijos, kiss, kissing, emoções, emotions
EN(Analogic) Forever faithful P01_001
PT(Analogic) Eternamente fiéis P01_001
© – Leonide Principe, all right reserved
www.leonideprincipe.photos

Glorioso cartão postal

Por seu sucesso e sua extensa visibilidade, “o beijo das araras” tornou-se o símbolo do meu trabalho fotográfico e a minha marca registrada, pois entre todos os postais produzidos pela minha editora, ele foi o mais comprado, um verdadeiro recorde de vendas. Além disso, foi publicado em várias revistas, livros e até anúncios publicitários. Este artigo é para contar como a fotografia foi realizada em uma das primeiras expedições da minha jornada amazônica.

Fiquei observando o casal de araras por horas, elas não paravam de arrazoar, arengar, cavaquear, cochichar, murmurar, acarinhar, beliscar, beijar… sim, beijar mesmo, do mesmo jeito como humanos podem fazer, com o mesmo prazeroso sentimento, apaixonadamente.

A focal da minha lente zoom 80-200mm estava no máximo, em 200mm, para um primeiro plano cheio, e o uso do flash garantia a luz extra, que era necessária no sub-bosque, e também para propiciar um tempo de exposição seguro, não inferior a 1/125 de segundo. As araras viviam soltas em um hotel de selva, portanto bem acostumadas à presença humana. Elas estavam confortavelmente instaladas num galho e nada parecia interessá-las mais que seus paparicos.

Na sessão de tomadas, como é meu hábito, sigo um procedimento de prioridades como a impostação de tempo e abertura (com o grau de automatismo mais apropriado), a precisão do enquadramento (para que não haja necessidade de recortar a imagem ) e o indiscutível foco nos olhos. A seguir, o dedo indicador fica de prontidão aos estímulos da circunstância. Naquela época analógica, o registro dos eventos não era tão generoso como agora, pois o fotógrafo tinha um limite de 36 poses a administrar: o filme não poderia acabar num momento de intensidade da cena. Assim que havia uma necessidade e um treinamento maior no que diz respeito ao ‘saber esperar o momento culminante da ação’.

Na mesa de luz, na hora da avaliação e seleção dos cromos é que as estratégias utilizadas mostravam o seu valor e os detalhes capturados, favoráveis ou não. Ali aparecem decepções cruéis e alegres acertos, esperados e inesperados.

Naquela ocasião eu levei para o laboratório uns 5-6 filmes por um total aproximado de 200 tomadas. E foi só na mesa de luz que eu vim descobrir esse beijo apaixonado, de olho fechado, com as penas da cabeça arrepiadas, o pescoço esticado de uma e o abrigo seguro na outra… é um verdadeiro romance! E não é por acaso que esta fotografia tornou-se a imagem simbólica do meu trabalho profissional.

Dezenas de milhares de cartões postais foram enviados por turistas em visita à Amazônia e ao Brasil.  As duas araras apaixonadas voaram os quatro cantos do planeta. 

Agora eu moro numa cabana à beira da floresta, e todo dia, araras voam sobre minha casa, quase sempre casais, e claro, sempre advogando, declamando, comentando e noticiando alguma coisa. Às vezes, me meto em suas conversas animadas e eternas, mas não sei se elas me ignoram, ou talvez me encontram como outro assunto para fofocar. Quando eu tenho a feliz oportunidade de ter um ninho nas proximidades da minha morada: elas estão mais frequentemente no ar ou comendo em alguma palmeira na redondeza, e sua voz altamente expressiva me acompanha em minhas tarefas diárias, por horas, convocando-me a interpretar os assuntos da conversa.

Tento entender o que é que elas tem tanto a tagarelar, reflito sobre essa personalidade forte e expressiva que tão naturalmente pertence ao céu da floresta tropical, seja por suas vozes, como por suas cores e elegância do vôo. Por esta sua alta qualidade comunicativa, os nativos podem capturar filhotes para criar em suas casas ou para vender. Seja criar como vender são facetas de uma mesma limitação humana, o comportamento interesseiro da separação e a incapacidade de enxergar a beleza da natureza como um todo maravilhosamente harmônico. Para além da cortina da ignorância, outras percepções surgem: o prazer incomparável de admirar, contemplar e respeitar todos os seres que vivem inseridos dentro de um plano essencial e perfeito, inteligente e amoroso. É fácil entender como a arara, que se torna um bicho de estimação, perde os conhecimentos essenciais que possuía na floresta e ainda destrói todas as fruteiras que estão nas proximidade da casa do «dono». Porém, a arara livre que vive na floresta, já sabe tudo o que precisa para perpetuar sua espécie, conhece as frutas da estação e onde elas estão, sabe quando estão maduras, pode comer algumas que são tóxicas e depois ingerir um barro que ajude na digestão. Às vezes, aquelas que adoram a vida tribal vivem em bandos, às vezes se juntam muitas delas, famílias e tribos, e fazem festivais… centenas de manifestantes voam, declamando, contestando e celebrando a vida.

NFT disponível na OpenSea

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Um falatório que não para
Arara-vermelha-grande (Ara chloropterus)
Um cuidado constante de uma para com a outra, limpa as penas, coça a cabeça, parece que vai bicar e tudo isso se desenvolve num murmúrio contínuo, o falatório não para por nada. Ave psittaciforme da família Psittacidae, é conhecida como arara-verde e arara-vermelha-grande.
É fácil confundir a arara-vermelha com a arara-vermelha-grande. Esta última identifica-se por ser uma ave maior e com uma faixa verde nas asas.

P03_062 – Leonide Principe
Camera Nikon F5 with Nikkor lens 70-200mm f2.8 – Diapositive Film Fujichrome Velvia 50 – Scanner: Nikon SUPER COOLSCAN 5000 ED
Digitised from a positive on film
Original file size: 5391px x 3591px
Location Taken: Paraná do Ariaú (Iranduba – Amazonas Brazil)
Aproximate Date Taken: 1997
Collection: Birds – Persons shown: none
Keywords:
arara-vermelha-grande, Ara chloropterus, Green-winged macaw, Red-and-green macaw, araras, macaws, Psittasidae, aves, birds, FAUNA, animals, paraná do Ariaú, Ariau parana, Iranduba, Amazonas, Amazônia, Amazon, Amazonian, Brazil, Brasil, Brazilian, América do Sul, South America, beijos, kiss, kissing, emoções, emotions
EN(Analogic) A talk that doesn’t stop P03_062
PT(Analogic) Um falatório que não para P03_062
© – Leonide Principe, all right reserved
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Know his region
Green-winged macaw (Ara chloropterus)
The macaw’s flight is elegant and smooth, and perfectly synchronized. It doesn’t matter if they are two or more macaws, they fly in formation. Every morning they leave the nest and go to specific areas with certain fruit trees. They know their region well and they know the fruiting times.

Conhece sua região
Arara-vermelha-grande (Ara chloropterus)
O vôo da arara é elegante e suave, e perfeitamente sincronizado. Não importa que sejam duas ou mais araras, elas voam em formação. Toda manhã, saem do ninho e se dirigem para áreas específicas com determinadas fruteiras. Elas conhecem bem sua região e conhecem os tempo de frutificação.

P03_067 – Leonide Principe
Camera Nikon F5 with Nikkor lens 80-200mm f2.8 – Diapositive Film Fujichrome Velvia 50 – Scanner: Nikon SUPER COOLSCAN 5000 ED
Digitised from a positive on film
Original file size: 3520px x 5391px
Location Taken: Paraná do Ariaú (Iranduba – Amazonas Brazil)
Aproximate Date Taken: 1993
Collection: Birds – Persons shown: none
Keywords:
arara-vermelha-grande, Ara chloropterus, Green-winged macaw, Red-and-green macaw, araras, macaws, Psittasidae, aves, birds, FAUNA, animals, paraná do Ariaú, Ariau parana, Iranduba, Amazonas, Amazônia, Amazon, Amazonian, Brazil, Brasil, Brazilian, América do Sul, South America, beijos, kiss, kissing, emoções, emotions
EN(Analogic) Know his region P03_067
PT(Analogic) Conhece sua região P03_067
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Versão 1.3 – Texto re-editado e revisado

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